domingo, 28 de fevereiro de 2021

 

O MACACO, O BONECO DE PICHE E A SENHORA VENDEDORA DE BANANAS.

Fábula popular, reescrita por Regina Maria Oliveira de Macedo em 28/02/2021.

 

Há muito tempo atrás, no tempo em que os bichos falavam, havia uma senhora que vendia bananas.

Todos os dias ela acomodava lindas bananas em um tabuleiro, colocava do lado de fora de sua casa e ficava aguardando os costumeiros compradores que chegavam à porta, batiam palmas para avisar que estavam ali e, quando a senhora atendia à porta, eles informavam que  queriam comprar bananas.

Prontamente eles escolhiam suas bananas, pagavam por elas e seguiam seu caminho.

Mas um dia começou a acontecer algo diferente do costumeiro.

As bananas começaram a sumir sem que ninguém as tivesse comprado.

A senhora já estava ficando muito aborrecida com o fato, pois se alguém quisesse bananas e não pudesse compra-las, era só pedir que ela lhe daria de bom grado.

A senhora vendedora de bananas ficou muito aborrecida e então resolveu dar uma lição no malandro, ou malandra que estivesse fazendo essa desfeita com ela.

A senhora foi até uma loja de material de construção e comprou uma lata de piche. E quando chegou a sua casa confeccionou um boneco de piche. Caprichou tanto na construção do boneco que ele parecia um adolescente africano.

Então o vestiu com uma calça curta estampada, bem bonita, acomodou-o sentado em uma cadeira numa posição de quem está vigiando o tabuleiro cheio de bananas que ela colocou sobre uma de suas pernas.

Feito isso ela fechou a porta da casa e foi cuidar dos afazeres domésticos de todos os dias.

O tempo foi passando até que na hora costumeira apareceu o macaco. Ele olhou o boneco e falou:

- Quem é você? Todos os dias eu passo aqui e nunca lhe vi por aqui.

Como era um boneco e não uma pessoa, o boneco continuou olhando para o tabuleiro de bananas. O macaco achou uma grosseira aquela forma de proceder do “adolescente”.

O macaco pensou: “Como esse garoto não me deu atenção? Quem ele pensa que é”?

Mas continuou:

- Eu quero uma banana, você me dá?

O boneco continuou na mesma posição.

- Ei, me dá uma banana!

O boneco não dizia nada. Nem olhava para ele, afinal bonecos de piche não falam.

O macaco foi perdendo a paciência e aí ameaçou o boneco:

- Se você não me der uma banana eu vou lhe dá um tapa.

O boneco não se mexeu.

O macaco continuou insistindo ameaçadoramente:

- Ou você me dá uma banana ou eu vou lhe dá um tapa!

Como o boneco não se mexeu, o macaco lhe deu um tapa no braço. Logo ele ficou grudado no pinche. O macaco esbravejou:

- Solte minha mão e me dê uma banana se não eu te dou outro tapa.

O boneco, mais uma vez não se mexeu. Então o macaco lhe deu outro tapa com a outra mão. E aí a outra mão também ficou grudada no boneco.

O macaco começou a grunhir e a berrar:

- Solte minhas mãos e me dê uma banana se não eu lhe dou um pontapé!

E mais uma vez o boneco não disse nada e o macaco lhe deu um pontapé. Resultado, o pé também ficou grudado no piche. Mas o macaco não desistiu. Cheio de raiva disse ao boneco:

- Solte minhas mãos e solte o meu pé, pois ainda tenho o outro pé que é bem mais forte, para lhe chutar.

O boneco continuou calado com as mãos e o pé do macaco grudado nele e nada dizia. O macaco nem pensou duas vezes. Chutou o boneco com o outro pé. Berrou desesperado pedindo para o suposto adolescente o soltar e lhe dá uma banana, mas boneco é boneco não se move, não fala e não escuta.

O macaco continuou se debatendo... Deu uma barrigada, uma cabeçada e pronto; ficou todinho preso no boneco.

A senhora escutou os berros do macaco e saiu para ver o que estava acontecendo. E lá estava o responsável pelo sumiço de suas bananas, todo grudado no boneco de piche.

-Ah! Então é você que furta as minhas bananas!? Te peguei, malandro! Sabe não? “Corrida de malandro tem buraco na frente”.

O macaco parou de gritar. Ficou apavorado. Achou que era seu fim.

Mas a senhora teve uma ideia. Pegou óleo de cozinha e limpou todas as partes do macaco que ficaram sujas. Depois propôs a ele um negócio:

-Olhe Macaco, foi muito feio o que você fez. Se você estava com fome, era só me pedir a banana que eu lhe dava. Agora vamos fazer um trato. Eu vou lhe ensinar a vender bananas. Você me ajuda a vender bananas. Em troca, você pode morar comigo e comer as bananas sem precisar roubá-las. Você aceita?

O Macaco pensou um pouco e aceitou. Desse dia em diante ele e a velha se tornaram muito bons amigos.

“Pronto! Entrou pelo bico da pata, saiu pelo rabo do pato, quem quiser que me conte quatro”.

 

 

quinta-feira, 23 de agosto de 2018


O QUE É FOLCLORE
(Por Regina Maria Oliveira de Macedo)

A palavra folclore é de origem inglesa e seu significado é: conhecimento popular ou conhecimento do povo.
São conhecimentos que são passados de pai para filho e vão se espalhando por toda uma população.
Há muitos anos atrás, nem todas as pessoas sabiam ler e escrever, mas isso não significava que essas pessoas não eram inteligentes, o que acontecia era que elas não tinham oportunidade de irem a uma escola. Mas elas aprendiam a ler as coisas do mundo propriamente dito e as coisas do mundo dos sentimentos. Sabiam que as crianças precisavam aprender a se protegerem dos perigos e uma forma que encontraram de fazer isto foi trazer para o mundo da criança as histórias que vivenciaram em seu dia-a-dia colocando um pouco de fantasia extraída do mundo fantástico da imaginação.  Nos momentos em que não estavam trabalhando, normalmente à noite, quando se reuniam em rodas de conversas e nessas prosas e versos iam contando para as crianças aproveitando-se dos sons da noite ou de seu silêncio, ou mesmo da escuridão da noite pouco clareada pelas luzes oscilantes dos lampiões ou candeeiros.
Também aprenderam a criar cantigas que de certa forma também ensinavam às crianças: Terezinha de Jesus, pai Francisco entrou na roda, o cravo brigou com a rosa, etc.
E daí também veio a literatura de cordel escrita e impressa de modo artesanal em papéis coloridos e pendurados em cordas para atrair a clientela. 
Os escritores de cordel cantam tocando violão ou pandeiro e as vezes mais de um instrumento musical, toda a história ou casos que escutaram em suas andanças e que são escrita geralmente em sextilhas. As pessoas são atraídas pelas canções e compram os livrinhos impressos para levarem para casa e contarem as histórias nos momentos de descanso.
Tem as danças nascidas para mascarar lutas, ou nascidas do movimento dos pescadores (puxada de redes), do movimento das colheitas (a bata do feijão), do movimento das conquistas, do enamoramento, etc.
Também tem os chás. As pessoas observavam os efeitos de determinadas plantas nos animais e passavam a fazer chás para curar os desajustes de saúde.
Tem as rezas nascidas da fé do povo, principalmente dos ensinamentos de Jesus que dizia que todos podiam fazer curas desde que tivessem fé em Deus.
E assim temos essa cultura muito rica que encanta a todos que têm a oportunidade de conhecê-la.



Festa De São Pedro Internacional no Recoleta Hostel Buenos Aires – Argentina

(Por Regina Maria Oliveira de Macedo)

No mês de junho de 2012, mais precisamente na época das festas juninas, um grupo de professores do Estado da Bahia viajou para Buenos Aires, Argentina para mais uma vez participarem das aulas de mestrado em educação iniciadas em janeiro desse mesmo ano.
Dessa vez era inverno e o frio argentino para eles, acostumados a uma temperatura mínima de 20 graus,  era imenso. Mesmo no início do curso quando a mais baixa foi 18 graus.
Além do frio e da saudade de casa, todos estavam um pouco chateados por terem perdido a festa de São João.
São João é a maior festa junina comemorada em todas as regiões do Brasil, mas na Região Nordeste, de onde vinham esses professores, essa festa ganha uma grande expressão.
 Para os Nordestinos o mês de junho é o momento de se fazer homenagens aos três santos católicos: São João, São Pedro e Santo Antônio. Como é uma região onde a seca é um problema grave, os nordestinos aproveitam as festividades para agradecer pelas chuvas, mesmo que raras na região, que servem ou serviram para manter a agricultura.
É uma época de  festas muito alegre onde acontecem tanto festas em praças públicas das cidades como também nas fazendas. Nas fazendas então, ganham uma beleza única: os terreiros são enfeitados com bandeirolas, fogueiras são acesas, há salões improvisados nos celeiros ou telheiros, decoração com flores de papel e também manacá e até mesmo a cana de açúcar e pés de milho servem para enfeitar o arraial.
Mesas são arrumadas com fartura de comidas e bebidas, há músicos ou execução de músicas por discos juninos em cd player ou em toca discos de vinil que resistiram ao tempo. Também há fogos...  Muitos fogos e folguedos, e danças (Forró) e quadrilhas. As pessoas se visitam e muitos namoros se iniciam nessa ocasião.
Bem, situando vocês leitores nesse evento,  voltemos ao nosso grupo de professores tristonhos porque naquele ano não puderam participar de nenhuma dessas festas. Em grupos comentavam a saudade e a alegria do São João. Foi aí que Professora Cristina deu um basta naquela tristeza dizendo:
Sabem de uma coisa, vamos comemorar o São Pedro!
Todos ficaram animados. A princípio se pensou em cada um dar uma quantia em dinheiro e o grupo de professores que estava na “habitación” 110 providenciaria a compra dos gêneros e materiais indispensáveis à festa.
E assim foi iniciada a organização dessa comemoração. Cristina, Adriana, se informaram sobre onde podiam comprar amendoim, milho, aipim, leite de coco, leite condensado e outras iguarias e gêneros necessários.
─” Vocês encontram essas coisas no Bairro Chinês. Lá tem o Supermercado Chinês que vende tudo”. Disse a camareira do Albergue onde o grupo estava hospedado.
Ficaram todos os trabalhadores do albergue curiosos em saber o que era a festa de São Pedro.
Professora Cristina deu as explicações necessárias com seus olhos brilhantes. Sua animação aumentava a cada lembrança da festa durante a explicação. Daquele momento em diante o projeto da festa só aumentou.  O gerente do hotel ficou curioso e diante da alegria de todos também foi contagiado e deu o consentimento para a festa. A única imposição foi que a festa seria fechada e só poderiam participar da festa o grupo de professores que estava hospedado no hotel e também os outros hospedes. Afinal era norma do albergue não permitir a permanência de pessoas que não fossem hospedes em suas dependências. Essa medida era para garantir o conforto de todos e a segurança.
Permissão dada Professora Cristina e Professora Adriana convidaram Professor Miguel e Profª.Regina e juntos foram até o Bairro Chinês.
Foi a maior decepção: o amendoim seco e caro. Não havia lá a maioria dos ingredientes e até mesmo o leite de coco era quatro vezes o valor do Brasil. O grupo teve receio de desagradar a todos com o valor alto que seria apresentado. E um deles, aconselhou o cancelamento da festa.
Professora Cristina protestou:
“Ah, não. Eu não comemorei Santo Antônio e nem São João,  estou morrendo de frio nessa terra diferente da minha, com saudade de casa, vou comemorar sim”!
“Mas tudo está tão caro. Você não acha mais prudente cancelar”? Perguntou Profª. Adriana  com um ar e tom de aconselhamento.
Não. Sabe como agente faz? Como todo mundo quando faz uma festa na escola. Cada um leva uma coisa. As festas juninas são da amizade, são de compartilhamento. Quem quiser compartilhar o fará com alegria no coração.
Ali mesmo fez-se um levantamento rápido dos gêneros que já tinham e todos concordaram.
A ida ao Bairro Chinês virou uma aventura de exploração. O grupo caminhava, observava a cidade, as pessoas e seus corações estavam felizes:  iriam comemorar o São Pedro.
Os outros professores não estavam acreditando na festa. À véspera da data combinada, o grupo iniciou a organização.
No intervalo do almoço Profª Marleide providenciou os papéis de seda coloridos, cola, tesoura, barbante, papel cartão amarelo e marrom, gliter coloridos e papel crepom. Foi o início da animação dos outros colegas.
À noite, todos reunidos na cozinha e no refeitório do Albergue, as conversas estavam voltadas para a organização da festa. Profª. Cristina iniciou a preparação das carnes; Profª. Ilka, Profª.  Marleide, Profª Jeane e Profª Regina se envolveram com a construção de Bandeirolas, de flores de papel e, de coroas e faixas para o Rei do Amendoim e a Rainha do Milho. Profª Adriana se juntou ao grupo e Profª. Regina foi em direção ao balcão da cozinha para iniciar a preparação do bolo. Bateu à mão mesmo, pois nesse albergue não tinha batedeira de bolos.
O Bolo preparado com farinha de trigo e floco de milho para cuscuz, ovos manteiga, açúcar e fermento. Professora Adriana lembrou dos grãos de Erva –doce. Profª Cristina disse que tinha esse chá no quarto e após a mistura de todos os ingredientes , foi colocado a assar.
Quando o cheiro do bolo invadiu o espaço, a gota d’água para a animação caiu. Começou um entra e sai de jovens professores e professoras, estudantes e todos os brasileiros hospedados,  se envolveram no processo . Outros hospedes de outros países latinos também se aproximaram e acabaram por se interessar em saber como era a festa, sua origem, o tipo de música e as danças. Professora Cristina dava as explicações e também exemplificava com as danças e músicas cantadas por seus colegas. O espírito junino invadiu o lugar e a arquitetura de casarão antigo contribuiu para que todos se sentissem como se estivessem em uma fazenda preparando a festa de São João. Só que não era São João e sim São Pedro.
No dia seguinte a animação continuou a partir do café da manhã. Todos foram para a faculdade e no intervalo para o almoço Profº. Miguel arranjou amendoim e ajudou a orientar outros hospedes a adquirir iguarias para a festa: Laranja, bolos, licores e a animação foi crescendo cada vez mais.
O preparo dos alimentos voltou a acontecer nesse intervalo e foi preciso lembrar a Profª. Cristina que ela precisava retornar à faculdade, pois empolgada na preparação quase que ficava na cozinha.
Dentre os hospedes apareceu um ator: Profº. João, que se propôs apresentar Calhamberto. Uma sátira do cantor brasileiro Roberto Carlos. Num instante apareceu um amplificador, e microfone.
Os preparos continuaram à tarde e avançou até o início da noite. Profª. Cristina, Profª Adriana, Profº. Miguel e Profª Regina ficaram encarregados da cozinha e os outros, tendo à frente Profª. Ilka, Profª. Marleide, Profª. Juciara, Profª Jane e Profª. Delma cuidaram de terminar a decoração do salão e arrumação das mesas para as comidas. Profª. Ilka com sua criatividade fez toalhas de mesa lindas com papel de seda cortados em forma de bandeirolas. Tudo ficou muito lindo e aconchegante. A comida foi farta e gostosa. O cheiro do Brasil tomou conta do lugar.
Depois de tudo arrumado todos trataram de ir para seus quartos se arrumarem para a festa e, embora ninguém houvesse pensado em roupas juninas, todos vestiram roupas coloridas e ao som das músicas juninas executadas no cd player foram chegando para o salão e dançando.
Para abrir a festa oficialmente, Profª. Cristina anunciou a chegada do Rei do Amendoim e da Rainha do Milho (Profº. Miguel e Profª. Jane) que desceram as escadas do Hostel Recoleta sob os calorosos aplausos dos presentes. Após o aplauso aos monarcas ela mesma comandou a quadrilha e até um hospede com Paralisia Cerebral teve sua cadeira de rodas empurrada por Profª. Adriana e dançou quadrilha também.
Após a quadrilha foi anunciado o show de Calhamberto. Profº. João adentrou ao salão caracterizado de Roberto Carlos e iniciou seu discurso de abertura. Em seguida, usando as músicas de Roberto Carlos, introduziu seu número satírico. Todos sorriram muito. O Rei do Amendoim e a Rainha do Milho se posicionaram ladeando Calhamberto e fizeram uma coreografia ao som de suas canções. A alegria foi geral.
Todos comeram com fartura e elogiaram muito a comida. Beberam vinho quente, Quentão, licores e refrigerantes, mas com moderação. A festa rolou quase a noite inteira e iria até o amanhecer se no dia seguinte não tivessem todos que ir para a faculdade.
 E para tudo registrar, Profª. Regina tirou fotos e filmou o movimento. Profº Daniel publicou fotos que tirou na internet e  ficou de publicar os filmes e fotos feitos por Profª. Regina também.
No final todos limparam o salão. Ao amanhecer tudo estava em ordem.
Acho que  São Pedro nunca esquecerá dessa alegria. E com certeza, quando Professora Cristina ficar bem velhinha e for ao encontro do criador, ao bater à porta do céu ele a receberá com um grande abraço que guardou por muitos anos em seu coração à sua espera.




A Lenda da Encarnação do Boi Bumbá
(Por Regina Maria Oliveira de Macedo)

Há muito tempo atrás, na época da escravidão, em uma fazenda na Região do Rio São Francisco, havia um fazendeiro muito poderoso que tinha um boi vindo do Egito do qual gostava muito. Ele batizou o boi com o nome de Bubar.
Nessa fazenda havia um casal de escravos conhecido por todos como Pai Francisco e Mãe Catrina. Os dois eram muito queridos por todos, pois sempre estavam ajudando com suas rezas e remédios naturais todos que viviam na fazenda do Senhor João.
Aconteceu que Mãe Catrina ficou grávida. Pai Francisco estava muito contente com a notícia de que ia ter um filho sangue de seu sangue, mas aí aconteceu algo que é comum nas mulheres grávidas: O tal do desejo.
O desejo acontece sempre que o bebê necessita de uma determinada substância para seu desenvolvimento e então o organismo da mãe faz com que sinta o desejo de comer o alimento que tem a substância que o bebê precisa. Daí o desejo o dizer que se a mulher grávida não for atendida em seu desejo o bebê nasce fraco.
Pois é, Mãe Catrina teve desejo de comer língua de boi... Embora morasse em uma fazenda que tinha muitos bois, nenhum era deles. É certo que sempre o Senhor João mandava matar um boi, mas isso não ia acontecer tão cedo por ali, pois Seu João fazia tempos que estava na cidade com a mulher e os filhos e não apareciam na fazenda.  
Mãe Catrina sofria com o desejo e Pai Francisco sofria junto com ela...
Uma noite Mãe Catrina estava à janela apreciando a imensidão da fazenda sob a luz da lua, quando passou perto da sua casa justamente o Boi que tinha vindo do Egito. Era um boi gordo, grande, bonito que só ele. Mãe Catrina não tirava os olhos do Boi. Pai Francisco ficou penalizado de ver o olhar comprido e cheio de desejos da mulher. Não se aguentou; afinal era seu filho que estava pra chegar ao mundo e ele tinha que vim em paz e com saúde. Matou o boi sem nem prestar atenção que era o boi predileto do patrão. Cozinhou a língua, deu para a mulher que comeu com toda satisfação. Quando Catrina terminou de comer, Pai Francisco pegou o boi, tirou o couro, tirou a carne e repartiu com os outros escravos.
Um dos escravos ficou sem a carne pois não estava na fazenda naquele dia. Quando soube da partilha ficou  chateado e cheio de despeito...
O tempo passou; ninguém mais falava do acontecido. Até que um dia o Senhor João voltou à fazenda. Estava doido para vê seu boi. Como já era noite, combinou com os vaqueiros que no dia seguinte, logo cedo eles iriam reunir o gado para a contagem e pesagem do gado.
Os vaqueiros avisaram Pai Francisco da chegada do patrão e da intensão de reunir o gado para contagem e pesagem. Contou que o patrão estava doido para vê o boi.
Pai Francisco chamou mãe Catrina e combinaram de fugir.
Na manhã seguinte, como tinha sido combinado, os vaqueiros reuniu o gado. O patrão chegou para a contagem e logo de imediato sentiu a falta do seu boi predileto.
− Cadê o Egípcio? – Perguntou o patrão com ar preocupado.
− Que Egípcio, Patrão – Perguntou o vaqueiro desconfiado.
− Que egípcio? Como assim que Egípcio? O boi Bumbar, homem! Cadê o Boi Bumbar?
O vaqueiro respondeu de pronto:
− Sei não patrão. Tem tempo que ele tá sumido.
Acontece que o outro vaqueiro que estava na contagem era justo aquele que não tinha recebido o pedaço de carne do boi. Nesse momento ele sentiu que seria vingado...
− Sumiu não, patrão; ele foi roubado! Ah, isso foi mesmo... Foi roubado e morto por Pai Francisco, aquele desgramado!
O patrão se revoltou. Aos berros correu para a cabana de Pai Francisco e Mãe Catrina que a essas horas já tinham fugido, logo depois que soube da chegada do patrão e da sua intensão de ver o boi.
O Patrão correu ao quintal da casa e encontrou lá na armação o couro do boi, o chifre, o esqueleto e o rabo. Começou a chorar. Inconsolável e enlouquecido de tristeza reuniu o que restou do boi, levou para seu terreiro, cobriu com o couro pediu ajuda aos outros curandeiros da região, aos padres a todos que mexiam com as forças da natureza e com Deus, para que fizessem seu boi viver novamente. Chorando dizia:
− Quero meu boi Bumbar de volta... Quero o Bumbar vivoooo...
E o tempo passou... Não havia um dia que o patrão não chorasse pelo seu boi... A notícia começou a correr o mundo e chegou até a cidade onde Mãe Catrina e Pai Francisco foram morar. A essa altura o filho dos dois já havia nascido e já estava bem grandinho. Na verdade já era um rapaz muito especial:
O Filho de Mãe Catrina e Pai Francisco tinha o dom de mexer com as forças da natureza e curar pessoas e animais.

Ele tinha ido à venda comprar farinha quando escutou a história do fazendeiro que chorava, há muito tempo, a morte do Boi.
Quando escutou a história do fazendeiro que chorava por causa de seu boi, quis ir até a fazenda. Ao chegar a casa contou o caso para os pais e disse das suas intensões.
Mãe Catrina e Pai Francisco ficaram com receio e contou ao filho o que tinha acontecido quando ele estava dentro da barriga da mãe. Pai Francisco e mãe Catrina disseram que estavam arrependidos, mas temiam pela vida dele.
O rapaz bateu pé firme:
− Agora que sei disso, mais do que nunca temos que voltar para a fazenda.
− Mas, meu filho ele não irá nos perdoar... Disse Mãe Catrina temerosa.
− Isso agente só vai saber quando chegar lá. E já está mais do que na hora de agente voltar. O viajante contou que inté hoje o homem tem a carcaça do boi no terreiro e fica lá sentado na varanda da casa chorando...
Pai Francisco e Mãe Catrina ficaram penalizados com a notícia. De imediato concordaram com o filho e os três voltaram para a fazenda.
O patrão estava bem diferente de quando Pai Francisco e Mãe Catrina moravam lá. Estava magro, pálido e ainda chorando a morte do boi. Ele nem teve forças para brigar com o casal.
O rapaz olhou em volta e viu no meio do terreiro o couro do boi sobre a carcaça e o rabo balançando ao vento, tal qual o viajante descreveu. Aproximou-se do que restou do animal, pegou o rabo, olhou dentro, levou-o à boca e soprou três vezes. A cada sopro o couro se juntava à carcaça... No terceiro o boi encarnou novamente e saiu pulando e chifrando o que encontrava pela frente, todo assustado.
Quando o patrão viu seu boi vivinho de novo, ficou numa alagria tão grande que o sangue voltou a colorir suas bochechas. Todo mundo que morava na fazenda estava lá para ver o que ia acontecer. Viram o patrão feliz e ficaram felizes também e bem rápido ficaram prontos para cumprir com satisfação e ligeireza, qualquer ordem que o o patrão desse. E a ordem foi aos gritos de alegria: 
− O Egípcio está vivo! Boi Bumbá viveu de novo! Glória a Deus! Vamos fazer uma festa gente! Chamem os tocadores! Chamem os repentistas! Chamem as cozinheiras! Vamos comemorar!
E sorrindo muito, o fazendeiro remoçou, remoçou em todos os aspectos na alma e no corpo. Perdoou Pai Francisco e Mãe Catrina que voltaram a viver na fazenda junto com o filho curandeiro.
Naquele dia uma grande festa na fazenda encheu a redondeza de alegria e a partir daquela data, todos os anos se comemoravam a festa do Boi Bumbar.




quarta-feira, 26 de julho de 2017

A CIGARRA E A BOA FORMIGA

Por Regina Maria Oliveira de Macedo

Certa vez junto a um formigueiro, apareceu uma cigarra cantora. Durante todo o verão ela ficou a tocar  violão e a cantar lindas canções.

Enquanto cantava, as formigas passavam todo o dia carregando folhas, pequenas sementes, pedaços de doces e de açúcar, pequenos pedaços de carne, flores pequeninas para encherem as tulhas abastecendo o formigueiro, pois o inverno era longo e muito frio.

O trabalho das formigas era árduo, mas elas sabiam que não podiam parar, pois quando o inverno chegasse não poderiam mais sair do formigueiro para providenciar comida.

Enquanto cantava a cigarra não se lembrou de construir uma casa e tão pouco se lembrou de guardou alguma comida para quando o inverno chegasse. Para ela era fácil comer uma folhinha que estava ao seu alcance na árvore onde subiu para cantar afinando a voz e apreciar o trabalho das formigas.

O tempo passou e o inverno chegou. No campo da cidade onde moravam a cigarra e a formiga o inverno era muito frio. Tão frio que caia gelo do céu. Todas as plantas perdiam suas folhas, suas flores e seus frutos e adormeciam até a primavera voltar. Elas deixavam expostas apenas os galhos nus para que a luz do sol ajudasse na nutrição que iriam precisar para trazerem de volta as folhas e as flores que se transformariam em frutos com sementes que pudessem ser espalhadas e fazerem aparecer novas árvores.

A cigarra não encontrava mais nenhuma folhinha para comer. Todas as plantas e toda a terra da cidade estavam cobertas de gelo duro e frio e ela não tinha forças para quebrar o gelo e pegar alguma folha seca que ficara sobre a terra.

Resultado, sem a casa que precisara ter sido construída, sem o alimento que precisara ter sido guardado, a cigarra ficou com fome e com muito frio. Vagava pela terra sem rumo e foi ficando cada dia mais fraquinha e adoeceu.

Tossia muito e, cambaleante, chegou à porta do formigueiro e bateu à porta. Foram suas últimas forças.

A formiga porteira escutou suas batidas fraquinhas e abriu a porta. Viu a cigarra caída e se aproximou.

¾ O que você está fazendo aqui? ¾ Perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir caída à porta.

A cigarra respondeu entre uma tosse e outra:

¾ Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu...

A formiga olhou a cigarra de alto a baixo e perguntou:

¾ E o que você fez durante o verão?

¾ Bem, eu era cantora. Cantava o tempo todo para afinar minha voz.

¾ Ah! ¾ Exclamou a formiga se lembrando. ¾ Era você então quem cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas com alimentos para o inverno?

¾ Sim, era eu. ¾ Respondeu um pouco escabreada, a cigarra.

¾ Então entre, amiguinha! Nunca podemos esquecer-nos das belas canções que nos animava a trabalhar e esquecer o cansaço do trabalho árduo. Dizíamos sempre: que felicidade termos como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga! Aqui você terá abrigo e alimento durante todo o inverno.

Mas a cigarra estava muito fraca para caminhar. Como a cigarra não aguentava se levantar do chão, a formiga chamou as amigas para ajudarem a carregar a cigarra para o formigueiro. Elas cuidaram bem dela. Logo, logo a cigarra ficou forte. Voltou a ser alegre. Apanhou seu violão e durante todo o inverno alegrou o formigueiro com suas músicas e canções.

Foi o melhor inverno que as formigas tiveram.

FIM

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

HISTÓRIAS DO BRASIL

Uma História de Independência: 
Do 07 de Setembro, Independência do Brasil 
ao 02 de Julho Independência do Brasil na Bahia
(Regina Maria Oliveira de Macedo)

Há muito tempo atrás, o Brasil pertencia a um país da Europa chamado Portugal. Nessa época os brasileiros não podiam fabricar as coisas que queriam e nem podiam comprar nada dos outros países.
O rei de Portugal obrigava os brasileiros a mandarem para ele toda nossa matéria prima: madeira, açúcar, ouro... enfim o que tivesse aqui de bom era mandado para Portugal e lá eles transformavam em produtos que embora eles tivessem recebido a matéria prima de graça, vendiam ao povo brasileiro pelo mesmo preço que vendiam a quem com nada contribuía.
Os povos brasileiros viviam infelizes. Suas vidas resumiam-se em trabalhar para o reino de Portugal.
Um dia o imperador Napoleão Bonaparte, da França Invadiu Portugal. O rei, D. João VI fugiu para o Brasil. Apanhou toda a riqueza de Portugal e veio para cá.
Quando chegaram ao Brasil ocuparam as casas dos brasileiros até quando seus castelos ficaram prontos.
Como não queriam ficar sem o conforto que tinham em Portugal, trataram de permitir que os brasileiros comprassem as coisas dos outros países, criou um Jardim Botânico, pois gostavam de frequentar bons jardins e para que os filhos dos nobres tivessem acesso à cultura foi criada a Biblioteca Nacional e a Imprensa Régia.
O rei D. João fez com que o Brasil deixasse de ser Colônia para ser Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Mas o que os brasileiros queriam mesmo era a independência. E eles tinham razão, pois quando Napoleão Bonaparte foi derrotado e preso pelos ingleses D. João VI resolveu voltar para Portugal.
Os brasileiros ficaram apreensivos, mas ele deixou seu filho D. Pedro I aqui no Brasil para continuar governando.
D. Pedro gostou de ser a principal autoridade no Brasil e não gostou nadinha de receber ordens do rei de Portugal que queria que os brasileiros voltassem à mesma vidinha sem graça de antes dele vir para o Brasil. D. Pedro queria comprar as coisas de que gostava e o rei queria que os brasileiros voltassem a só comprar os produtos que eram produzidos em Portugal para que esse país continuasse a receber muito dinheiro e viver e o seu povo vivessem tranquilamente como era antes de eles virem fugidos para o brasil.
Em janeiro de 1822, D. Pedro recebeu ordens de seu pai para que voltasse imediatamente para Portugal.
D. Pedro não queria voltar. Ele gostava de viver aqui e de ser respeitado como Rei. Mas o rei estava ordenando sua volta. O povo brasileiro se movimentou para que o Príncipe não retornasse a Portugal. Afinal, se isso acontecesse o Brasil voltaria a ser colônia e os brasileiros voltariam àquela vida miserável de antes da família real vir para o Brasil.
O povo foi para as ruas. Houve um abaixo assinado pedindo para o Príncipe não voltar. E como D. Pedro já não queria voltar mesmo (afinal lá em Portugal ele não teria a mesma posição que teria se ficasse no Brasil), mas mesmo assim ele ainda estava indeciso entre obedecer ao pai dele e alegrar ao povo brasileiro e a si mesmo.
No dia 09 de janeiro de 1822, ele recebeu das mãos do Partido Brasileiro um abaixo assinado com oito mil assinaturas. D. Pedro não coube em si de contente e, vendo o povo aglomerado em frente ao palácio, as assinaturas no abaixo assinado, ele não se conteve. Decidiu ficar. Levantou-se da mesa e disse:
— “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico”.
Esse dia ficou conhecido como “O Dia do Fico”.
A partir daí, D. Pedro "pulou de cima do muro" e se posicionou a favor da ruptura com Portugal.
Os portugueses que moravam aqui no Brasil e que não gostaram da decisão de D. Pedro foram reprimidos.
D. Pedro também determinou que nenhuma ordem que as Cortes lá em Portugal inventassem teria sentido aqui, a não ser que ele próprio assinasse o documento com um "Cumpra-se".
O rei de Portugal ficou furioso e mandou tropas para cá, que o imperador logo tratou de despachar de volta. Além disso, D. Pedro formou um novo ministério, que tinha brasileiros e portugueses, mas a chefia era de um brasileiro: José Bonifácio de Andrada e Silva.
Tratou de fazer a primeira Constituição do Brasil e organizar a Marinha de Guerra.
Um dia, quando D. Pedro estava fazendo uma viagem para São Paulo, ele estava às margens do Riacho Ipiranga dando água aos cavalos quando recebeu uma carta de José Bonifácio, outra de D. Leopoldina e outra do Rei de Portugal informando a ele que a Assembléia Constituinte estava anulada e exigia a volta imediata dele para a Portugal.
D. Pedro ficou indignado com a falta de respeito a sua pessoa e às suas decisões e ali mesmo, virou-se para os soldados que o acompanhavam  arrancou os laços com as cores da bandeira portuguesa que trazia no peito e ordenou:
― “Laços fora soldados! As cortes de Lisboa querem escravizar o Brasil; não permitirei” ― levantou a espada e gritou : ― “ Independência ou Morte !".
Este fato ocorreu no dia 7 de setembro de 1822 e a partir daquele dia o Brasil se tornou independente de Portugal e passou a caminhar com suas próprias pernas.

 Mas a história não acabou aí, não.

Os portugueses vieram para a Bahia onde se concentrou o principal foco de resistência à nova ordem do imperador.
Os Portugueses que tomavam conta dos interesses do rei de Portugal em Salvador decidiram não deixar o comando da província nas mãos de brasileiros. Decidiram que quem tinha de comandar era o general Inácio Luís Madeira de Mello. Mandaram o nome para Portugal e a nomeação veio de Lisboa[1].
O Governador das Armas, general Madeira de Mello, dispunha de consideráveis forças de terra e mar; contra esse poder levantaram-se os patriotas baianos. A reação, a princípio desarticulada e sem unidade, aos poucos organizou-se e alastrou-se por toda a província[2].
Dentro de alguns meses os portugueses estavam praticamente confinados a Salvador e seus arredores; embora possuindo a superioridade no mar[3].
A sorte da guerra dependia decisivamente do domínio da Baía de Todos os Santos e o consequente controle do abastecimento e das comunicações entre as vilas confederadas. Compreenderam os patriotas que pouco poderiam esperar dos sucessos do mar, se não contassem com forças ofensivas; nessa emergência surgiu a Flotilha Itaparicana, assim chamada pelos seus contemporâneos, que durante mais de sete meses trouxe desassossego e reveses aos lusitanos[4]
Foi escolhido para o seu comando o segundo-tenente da Armada Nacional e Imperial João Francisco de Oliveira Botas, que recebeu ordem de seguir logo para a base em Itaparica, onde deveria iniciar a "armação e arranjos" de "três barcos de borda falsa capazes de sofrer artilharia" e de mais um barco, doado pelo rico português Antônio Souza Lima, que aderira aos revoltosos[5].
Chegando em Itaparica em fins de novembro de 1822, João das Botas deu início a febril atividade. No dia 6 de dezembro era lançado ao mar o primeiro barco artilhado, denominado Pedro I. A flotilha foi aumentando ao longo da campanha, alcançando um efetivo de quase 800 homens[6].
Na Ilha de Itaparica os Portugueses invadiram a localidade de Gameleira e expulsaram os moradores que com medo foram refugiarem-se na mata.
Maria Felipa, uma crioula estabanada, alta e corpulenta, que usava torço e saia rodada[7] não gostou nadinha de perder sua casa para os portugueses. Ela ficou com muita raiva deles.
Não foi preciso nenhum disfarce para lutar pela independência de seu povo. Foi vestida de si mesma, armada de palavras duras, um exército de mulheres e galhos de cansanção que a lendária Maria Felipa enfrentou os portugueses no século XIX. Era um desaforo ignorar a resistência dos pescadores e marisqueiras da Ilha de Itaparica aos ataques de Madeira de Melo. A heroína negra, esquecida pela história oficial, fez jus à bravura das massas rebeladas[8]. Comandando um bando de mulheres, desceu para a Praia do Convento com as saias rodadas e as batas que deixam um pedaço do ombro de fora. Para os soldados que vigiavam as embarcações do general Madeira de Mello parecia que as raparigas estavam se oferecendo. De fato, elas se aproximaram daquele bando de portugueses como se fossem seduzi-los, mas ao ficarem perto o suficiente, desembainharam os galhos de cansanção que traziam escondidos, como se a planta irritante, que causa uma mistura infernal de dor e coceira, fosse a espada da justiça[9].

       O ataque inesperado, vindo de um bando de mulheres, tirou o sossego do acampamento inimigo. A surra com os galhos de cansanção deixou os marinheiros sem reação. Enquanto eles se contorciam no chão, esfregando a pele na areia para retirar a peçonha, as mulheres atiraram tochas nos barcos mais próximos. O saldo de tão engenhoso ataque foi de 42 embarcações queimadas, uma baixa significativa na frota reunida pelo general Madeira de Melo para atacar Itaparica. A intenção dele era usar a ilha como base de comando para dominar a Baía de Todos os Santos e assim conquistar Salvador[10].
Essa baixa na armada portuguesa enfraqueceu os planos de Madeira de Melo. Com isso, a flotilha itaparicana comandada por João das Botas pode auxiliar Lord Alexander Thomas Cochrane na expulsão dos Portugueses da Bahia, pois com parte da frota destruída faltou a Madeira de Melo condições de manter o bloqueio ao Porto de Salvador que passou às mãos dos brasileiros.
Desesperançado de qualquer reforço, lutando com dificuldades insuperáveis para abastecimentos, Madeira de Melo viu a flotilha itaparicana surgir da Ilha de Itaparica para garantir reforços[11].
Assim, no dia 2 de julho de 1823, resolveu abandonar o Brasil embarcando nos navios portugueses e seguir rumo à pátria. Essa fuga foi a primeira grande demonstração do valor da Marinha na independência do Brasil.




[1] Pesquisado junto ao site da FAPESP em 02 de setembro de 2007 no endereço http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=2755&bd=1&pg=3&lg=
[2] Pesquisado junto ao Site “Novo Milênio” em 02 de setembro de 2007 no endereço http://www.novomilenio.inf.br/festas/1822i.htm
[3] Idem à referência dois.
[4] Idem à referência dois.
[5] Idem à referência dois.
[6] Idem à referência dois.
[7] Osório, Ubaldo em A Ilha de Itaparica.
[8] Santana, Andréia: Saite  A Mulherada. Texto capturado em 02 de setembro de 2007, no endereço http://www.amulherada.org.br/mariafelipa.htm
[9] Idem à referência nove.
[10] Idem à referência nove.
[11] Texto capturado da internet em 02 de setembro de 2007. Endereço https://www.mar.mil.br/menu_h/historia/historia_naval/independ_04.htm .