Uma História de Independência:
Do 07 de Setembro, Independência do Brasil
ao 02 de Julho Independência do Brasil na Bahia
(Regina Maria Oliveira de Macedo)
Há muito tempo atrás, o Brasil pertencia a um país da Europa chamado
Portugal. Nessa época os brasileiros não podiam fabricar as coisas que queriam
e nem podiam comprar nada dos outros países.
O rei de Portugal obrigava os brasileiros a mandarem para ele toda nossa
matéria prima: madeira, açúcar, ouro... enfim o que tivesse aqui de bom era
mandado para Portugal e lá eles transformavam em produtos que embora eles
tivessem recebido a matéria prima de graça, vendiam ao povo brasileiro pelo
mesmo preço que vendiam a quem com nada contribuía.
Os povos brasileiros viviam infelizes. Suas vidas resumiam-se em
trabalhar para o reino de Portugal.
Um dia o imperador Napoleão Bonaparte, da França Invadiu Portugal. O
rei, D. João VI fugiu para o Brasil. Apanhou toda a riqueza de Portugal e veio
para cá.
Quando chegaram ao Brasil ocuparam as casas dos brasileiros até quando seus
castelos ficaram prontos.
Como não queriam ficar sem o conforto que tinham em Portugal, trataram
de permitir que os brasileiros comprassem as coisas dos outros países, criou um
Jardim Botânico, pois gostavam de frequentar bons jardins e para que os filhos
dos nobres tivessem acesso à cultura foi criada a Biblioteca Nacional e a
Imprensa Régia.
O rei D. João fez com que o Brasil deixasse de ser Colônia para ser
Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Mas o que os brasileiros queriam
mesmo era a independência. E eles tinham razão, pois quando Napoleão Bonaparte
foi derrotado e preso pelos ingleses D. João VI resolveu voltar para Portugal.
Os brasileiros ficaram apreensivos, mas ele deixou seu filho D. Pedro I
aqui no Brasil para continuar governando.
D. Pedro gostou de ser a principal autoridade no Brasil e não gostou
nadinha de receber ordens do rei de Portugal que queria que os brasileiros
voltassem à mesma vidinha sem graça de antes dele vir para o Brasil. D. Pedro
queria comprar as coisas de que gostava e o rei queria que os brasileiros
voltassem a só comprar os produtos que eram produzidos em Portugal para que esse país continuasse a receber muito dinheiro e viver e o seu povo vivessem tranquilamente como era antes de eles virem fugidos para o brasil.
Em janeiro de 1822, D. Pedro recebeu ordens de seu pai para que voltasse
imediatamente para Portugal.
D. Pedro não queria voltar. Ele gostava de viver aqui e de ser
respeitado como Rei. Mas o rei estava ordenando sua volta. O povo brasileiro se
movimentou para que o Príncipe não retornasse a Portugal. Afinal, se isso
acontecesse o Brasil voltaria a ser colônia e os brasileiros voltariam àquela
vida miserável de antes da família real vir para o Brasil.
O povo foi para as ruas. Houve um abaixo assinado pedindo para o
Príncipe não voltar. E como D. Pedro já não queria voltar mesmo (afinal lá em
Portugal ele não teria a mesma posição que teria se ficasse no Brasil), mas
mesmo assim ele ainda estava indeciso entre obedecer ao pai dele e alegrar ao
povo brasileiro e a si mesmo.
No dia 09 de janeiro de 1822, ele recebeu das mãos do Partido Brasileiro um
abaixo assinado com oito mil assinaturas. D. Pedro não coube em si de contente
e, vendo o povo aglomerado em frente ao palácio, as assinaturas no abaixo
assinado, ele não se conteve. Decidiu ficar. Levantou-se da mesa e disse:
— “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo
que fico”.
Esse dia ficou conhecido como “O Dia do Fico”.
A partir daí, D. Pedro "pulou de cima do muro" e se posicionou
a favor da ruptura com Portugal.
Os portugueses que moravam aqui no Brasil e que não gostaram da decisão
de D. Pedro foram reprimidos.
D. Pedro também determinou que nenhuma ordem que as Cortes lá em
Portugal inventassem teria sentido aqui, a não ser que ele próprio assinasse o documento com um "Cumpra-se".
O rei de Portugal ficou furioso e mandou tropas para cá, que o imperador
logo tratou de despachar de volta. Além disso, D. Pedro formou um novo
ministério, que tinha brasileiros e portugueses, mas a chefia era de um
brasileiro: José Bonifácio de Andrada e Silva.
Tratou de fazer a primeira Constituição do Brasil e organizar a Marinha
de Guerra.
Um dia, quando D. Pedro estava fazendo uma viagem para São Paulo, ele
estava às margens do Riacho Ipiranga dando água aos cavalos quando recebeu uma
carta de José Bonifácio, outra de D. Leopoldina e outra do Rei de Portugal
informando a ele que a Assembléia Constituinte estava anulada e exigia a volta imediata dele
para a Portugal.
D. Pedro ficou indignado com a falta de respeito a sua pessoa e às suas
decisões e ali mesmo, virou-se para os soldados que o acompanhavam arrancou os laços com as cores da bandeira
portuguesa que trazia no peito e ordenou:
― “Laços fora soldados! As cortes de Lisboa querem escravizar o Brasil;
não permitirei” ― levantou a espada e gritou : ― “ Independência ou Morte
!".
Este fato ocorreu no dia 7 de setembro de 1822 e a partir daquele dia o Brasil se
tornou independente de Portugal e passou a caminhar com suas próprias pernas.
Mas a história não acabou aí, não.
Os portugueses vieram para a Bahia onde se concentrou o
principal foco de resistência à nova ordem do imperador.
Os Portugueses que tomavam conta dos interesses do rei de
Portugal em Salvador decidiram não deixar o comando da província nas mãos
de brasileiros. Decidiram que quem tinha de comandar era o general Inácio Luís
Madeira de Mello. Mandaram o nome para Portugal e a nomeação veio de Lisboa.
O Governador das Armas, general Madeira de Mello,
dispunha de consideráveis forças de terra e mar; contra esse poder
levantaram-se os patriotas baianos. A reação, a princípio desarticulada e sem
unidade, aos poucos organizou-se e alastrou-se por toda a província.
Dentro de alguns meses os portugueses estavam
praticamente confinados a Salvador e seus arredores; embora possuindo a
superioridade no mar.
A sorte da guerra dependia decisivamente do domínio da
Baía de Todos os Santos e o consequente controle do abastecimento e das
comunicações entre as vilas confederadas. Compreenderam os patriotas que pouco
poderiam esperar dos sucessos do mar, se não contassem com forças ofensivas;
nessa emergência surgiu a Flotilha
Itaparicana, assim chamada pelos seus contemporâneos, que durante mais
de sete meses trouxe desassossego e reveses aos lusitanos.
Foi escolhido para o seu comando o segundo-tenente da
Armada Nacional e Imperial João Francisco de Oliveira Botas, que recebeu ordem
de seguir logo para a base em Itaparica, onde deveria iniciar a "armação e
arranjos" de "três barcos de borda falsa capazes de sofrer
artilharia" e de mais um barco, doado pelo rico português Antônio Souza
Lima, que aderira aos revoltosos.
Chegando em Itaparica em fins de novembro de 1822, João
das Botas deu início a febril atividade. No dia 6 de dezembro era lançado ao
mar o primeiro barco artilhado, denominado Pedro I. A flotilha foi
aumentando ao longo da campanha, alcançando um efetivo de quase 800 homens.
Na Ilha de Itaparica os Portugueses invadiram a localidade de Gameleira
e expulsaram os moradores que com medo foram refugiarem-se na mata.
Maria Felipa, uma crioula estabanada, alta e corpulenta, que usava torço
e saia rodada
não gostou nadinha de perder sua casa para os portugueses. Ela ficou com muita
raiva deles.
Não foi preciso nenhum disfarce para lutar pela
independência de seu povo. Foi vestida de si mesma, armada de palavras duras,
um exército de mulheres e galhos de cansanção que a lendária Maria Felipa
enfrentou os portugueses no século XIX. Era um desaforo ignorar a resistência
dos pescadores e marisqueiras da Ilha de Itaparica aos ataques de Madeira de
Melo. A heroína negra, esquecida pela história oficial, fez jus à bravura das
massas rebeladas.
Comandando um bando de mulheres, desceu para a Praia do Convento com as saias
rodadas e as batas que deixam um pedaço do ombro de fora. Para os soldados que
vigiavam as embarcações do general Madeira de Mello parecia que as raparigas
estavam se oferecendo. De fato, elas se aproximaram daquele bando de
portugueses como se fossem seduzi-los, mas ao ficarem perto o suficiente,
desembainharam os galhos de cansanção que traziam escondidos, como se a planta
irritante, que causa uma mistura infernal de dor e coceira, fosse a espada da
justiça.
O ataque inesperado, vindo de um bando de mulheres, tirou o sossego do
acampamento inimigo. A surra com os galhos de cansanção deixou os marinheiros
sem reação. Enquanto eles se contorciam no chão, esfregando a pele na areia
para retirar a peçonha, as mulheres atiraram tochas nos barcos mais próximos. O
saldo de tão engenhoso ataque foi de 42 embarcações queimadas, uma baixa
significativa na frota reunida pelo general Madeira de Melo para atacar
Itaparica. A intenção dele era usar a ilha como base de comando para dominar a
Baía de Todos os Santos e assim conquistar Salvador.
Essa baixa na armada portuguesa enfraqueceu os planos de Madeira de
Melo. Com isso, a flotilha itaparicana comandada por João das Botas pode
auxiliar Lord Alexander Thomas Cochrane na expulsão dos Portugueses da Bahia,
pois com parte da frota destruída faltou a Madeira de Melo condições de manter
o bloqueio ao Porto de Salvador que passou às mãos dos brasileiros.
Desesperançado de qualquer reforço, lutando com dificuldades
insuperáveis para abastecimentos, Madeira de Melo viu a flotilha itaparicana
surgir da Ilha de Itaparica para garantir reforços.
Assim, no dia 2
de julho de 1823, resolveu abandonar o Brasil embarcando nos navios
portugueses e seguir rumo à pátria. Essa fuga foi a primeira grande
demonstração do valor da Marinha na independência do Brasil.